Cansaço

A este vou apenas chamar-lhe o que sinto....Sem camuflagem sem nada.....

Sinto-me cansado da vida que tenho,

Sinto-me cansado do que me rodeia,

Sinto-me cansado das pessoas que me acompanham,

Sinto-me cansado por não viver,

Sinto-me cansado ao olhar para o céu e ver que o tempo não esta do meu agrado,

Sinto-me cansado do que afinal esperava e não é,

Sinto-me cansado de mim,

Sinto-me cansado do reflexo que vejo no espelho,

Sinto-me cansado de dia para dia ouvir sempre o mesmo som,

Sinto-me cansado de mim mesmo........

Ruptura

Depois de tanto me sentir cansado, começo um processo físico de rotura, de tentar mudar o que detestei em mim, e que por comodismo nunca fiz.....

Nunca pensei que fosse assim tão difícil, mas um ano depois ao tentar fazer um balanço, estabeleço um paralelismo com uma ponte.....

Sedimentei pilares, pintei com cores alegres o que a vida escureceu, murei as zonas de perigo para que ninguém caísse e ao tentar perceber como dar a volta ao resto, descubro que a ponte tem que ser demolida....

Comecei por destruir o tabuleiro que ligava as margens, depois foram os pilares, e agora que dei cabo de tudo, olho à minha volta e vejo que não tenho nada, nem mesmo um elo que me ligue às margens, até porque ao tentar isolar o perigo de “queda” visto que o tabuleiro não estava seguro, isolei tudo e de tal maneira que nada há a fazer, não sou de gritar, até por ter a certeza que qualquer grito que mandasse iria ser devolvido pelo eco em que me isolei.

De qualquer das formas, mesmo estando ensopado, e a lutar contra um rio que mais parece um mar, com a agua salgada que tira o pouco doce que tenho dentro de mim, estou a tentar erguer os pilares de uma ponte que um dia me levara a algum lado....

De momento são as indefinições e o óbvio que me dói observar o vazio em que estava sedimentada a outra ponte...

Acreditei no infundado, voei alto, e sonhei ao ponto de ter construído uma ponte onde jamais se esperaria....

Sinto-me perdido, ate porque neste momento iniciei uma construção de pedra e cimento para que nada falhe, mas pergunto-me....

Será que vale a pena, sofrer a construir algo para que alguém chegue e destrua?!

Vale porque desta vez ninguém chegará a atravessar este tabuleiro....

Mesmo assim é sob um grande processo de rotura que a estou a construir.

Aceito que a admirem pois ninguém passará o tabuleiro mais impressionante de sempre...

EU.